sexta-feira, 1 de junho de 2012

Desespero

     E eu corri, corri como a muito tempo eu não corria, por todos os lados eu olhava procurando uma saída, um lugar por onde eu podia cortar caminho, tropecei, achei sinceramente que tudo estava acabado ali, mas minha sorte era maior do que eu imaginava, e consegui entre tropeços me levantar e continuar o caminho, passei pelo posto de combustivel, eu poderia ter completado ali mesmos as coisas mas maldita e velha mania minha, era um complexo horrível o que eu tinha mas não podia evitar, fazia parte de mim.
     E pensar que aquele dia tinha começado normalmente, tinha saido de casa e tomado um suco na panificadora e seguido meu caminho até a panificadora, ficar sem carro era difícil mas o preço óbvio quando se resolve abastecer no posto novo da esquina, chegar no trabalho a pé nem era muito dificil, seguia-se por três quadras em linha reta depois da panificadora que ficava na esquina de casa, e depois virava a esquerda mais dez quadras e estava lá.
     O prédio era bom e não faltava estrutura, mas esse costume era velho, nunca vivi muito longe das minhas casas exatamente por essas manias, comer só em casa, tudo era em casa, me permiti montar o escritório um pouco mais longe por causa do carro, não era mania, era trauma mesmo, não lembrava como tinha começado mas era assim, e o escritório era meu, mas bem não era o unico usuário, e isso fez com que eu começasse a sempre voltar em casa naquelas horas.
     Foi de repente, não sabia exatamente porque mas assim que a sensação começou eu comecei a me preparar pensei logo em pegar a chave do carro, mas percebi meu erro, e corri descer as escadas, o Jaime e os Carlos os dois já estavam acostumados com essa pressa, mas sinceramente nunca souberam o porque. Jaime precisava da minha assinatura para uns papéis, tive que assinar correndo, nem perguntei o que era sai suando, e corri, cara como eu corri, passei pelo posto alguém me cumprimentou nem vi. 
     Tropecei no meio-fio me levantei, atravessei a rua correndo, e um carro veio em minha direção, o carro não chegou a bater em mim, mas cara que merda, literalmente que merda, não me segurei, passei pro outro lado da rua quieto e fui cabisbaixo para casa, jurei que pelo resto da vida eu nunca mais ia comer feijoada, ou então ia aprender a cagar em outro lugar sem ser em casa.

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