quarta-feira, 2 de maio de 2012

As fagulhas entre as estrelas.

Tudo começou em 2036. Foi o ano em que a humanidade descobriu Tartarus, nome dado pelos cientistas ao primeiro buraco de verme¹ alcançável pelo homem a ser encontrado. Imediatamente foi criada a Missão Hermes, cuja intenção era justamente alcançar o incrível e misterioso rasgo dimensional. Assim foi feito, e em 2081 a nave Hermes 3 atravessou para outro canto do universo, onde permaneceu, incomunicável, por quatro longos meses. Quando haviam poucas esperanças de seu retorno, a nave retornou. Seus seis integrantes foram recebidos como os grandes heróis que eram, e trouxeram com eles uma grande notícia. Tartarus não era simplesmente um buraco de verme para outro canto do universo. Era o caminho para um verdadeiro campo de buracos, caminhos para todos os cantos do universo imagináveis. Por décadas, os humanos se prepararam para partir e catalogar esse caminho. E foi assim que em 2112 eu ingressei na Argonaut 3, uma de uma série de oito naves que iria partir para catalogar o campo, que ficou conhecido como Elysium. Eu era parte de uma equipe de nove. Nosso comandante era um capitão da aeronáutica russa, de nome Mikhail Evaliachev. Mas o homem mais importante da missão era Gabriel Davoe, um cientista australiano. Eu era engenheiro da aeronáutica brasileira, e fui escalado para tomar conta da máquina fotográfica que iria tirar as fotos nas saídas dos buracos, que posteriormente serviriam para identificar, pelos padrões de estrelas ao redor, qual a localização final do buracos. E assim nós partimos, numa viagem de oito meses até Tartarus, e depois ficaríamos mais um ano explorando os demais rasgos dimensionais. A nossa nave tinha como objetivo apenas 3 deles. E foi após atravessar o primeiro, nomeado Morpheus, que nós os encontramos. Fui eu que os encontrei. Flutuando, inicialmente, a cerca de dois dias de nós. Foi quase um presságio o fato deles terem saído na primeira imagem que eu tirei, como se algo nos guiasse para mirar a câmera para aquele lado. Eles também nos notaram, pois começaram a se aproximar. Nós permanecemos ali, parados. Os dois dias de aproximação foram de uma grande movimentação e discussão na nossa nave. Por fim, decidimos tentar uma aproximação, uma comunicação. A chance deles serem hostis era pequena. Por fim, eles chegaram, mas o silêncio imperou por mais dois dias. Nesse tempo, quem mais trabalhou foi Gabriel. Em um espaço de um dia, ele criou toda uma forma de comunicação por meio de ondas de rádio convertíveis em imagens. Foi assim que nós tomamos a iniciativa, estabelecendo o canal. Menos de duas horas depois do primeiro envio, eles responderam com o sinal que nosso gênio havia estabelecido como resposta no caso deles terem compreendido a forma de comunicação A partir dali, começou uma imensa troca de informações. Descobrimos que eles eram de um planeta onde mais de uma raça inteligente proliferou. Inúmeras guerras ali ocorreram, até que finalmente eles conseguiram se estabelecer em paz. Pelo pouco que foi conversado sobre viagens espaciais, era algo relativamente novo para eles, mas algo em que eles haviam demonstrado um imenso talento. Eles também era, segundo Gabriel, excelentes em biologia e física. Mas compreendiam pouco as formas de comunicações e interligação avançada que nós possuíamos em nosso planeta. A explicação sobre a internet, como um agrupamento de computadores que permitia comunicação instantânea a nível planetário. Eles também ficaram assombrados com outras coisas mencionadas sobre nós, como o fato de sermos uma única raça inteligente e ainda assim conseguirmos encontrar motivos para guerrear, ou ao fato de nós conseguirmos usar todas as fontes tecnológicas para gerar entretenimento. E por fim, veio a oferta. Eles queriam colocar um deles na nossa nave, e nós colocaríamos um dos nossos na deles, por 3 horas. Não sei porque, eu me ofereci. Fui o único. Não entendi o medo dos meus colegas, que vieram me dizer para tomar cuidado e evitar tocar em qualquer coisa. Mas eles se acalmaram depois que avaliamos a nave deles procurando fontes radioativas e não encontramos. O capitão concordou que eu, como melhor desenhista e fotógrafo da nave, era ideal para explicar posteriormente o que havia visto. E assim eu parti, uma semana após o encontro, para dentro da nave deles, levando comigo, para mostrar a eles, algumas imagens comunicativa de Gabriel, papel e lápis, minha máquina fotográfica pessoal (uma vez que a usada para catalogar estrelas era imensa) e um pequeno pedaço da carne que utilizávamos para nos alimentar. Ao ingressar na nave, quase perdi minha cabeça. Era inconcebível para qualquer ser humano a sua estrutura interna. Eles haviam utilizado a falta de gravidade para aproveitar melhor as formas circulares. Eles eram todos diferentes, entre si, embora suas vestimentas seguissem um padrão. Com os desenhos dados a mim pelo nosso cientista, eles me explicaram mais ou menos o que ocorria ali. O trabalho de Gabriel havia chegado ao ponto de explicar algumas sensações, como espanto e curiosidade. Expressei minha curiosidade sobre como a nave deles funcionava, e eles me permitiram que tirasse fotos da origem da força motora. E expressei meu espanto quando me foi explicado que o material usado para a construção de diversas máquinas ali utilizadas era uma substância de carbono de grande dureza. A transparência daquelas máquinas não me deixava confundir: eles tinham aprendido a moldar diamante. Havia tão poucas peças de metal, e mesmo a nave era feita de algum material não-metálico. Era fantástico. Perguntei a eles se lhes faltavam minas, e eles se surpreenderam com o conceito de cavar cada vez mais fundo abaixo da terra a procura de minérios. Quanto sai da nave, perguntei a eles a quanto tempo se encontravam em fora de seu planeta. A explicação que obtive foi de que alguns deles estavam ali a anos e anos, e outros, de raças menos propensas a permanecer no espaço, eram trocados por outros membros da raça de tempo em tempos. Esses seriam remanejados quando retornassem a sua terra-mãe para informar sobre o encontro com seres de outro planeta. Ao retornar à minha nave, fui comunicado que partiríamos em 3 horas para a terra. Comuniquei ao capitão e a Gabriel tudo que encontrei. E lhes expliquei toda minha surpresa ao descobrir que algumas daquelas espécies permaneciam anos a fio no espaço. Questionava o fato deles não sentirem falta de sua terra e de suas famílias. Então, Gabriel nos disse. - Também me surpreendeu durante a nossa comunicação. Eu consegui avançar rapidamente nos assuntos científicos, e até nos sociais. Mas ao tentar explicar-lhes o sentimento da saudade, da reminiscência de algo distante, eles não o compreenderam de maneira alguma. Quando chegamos à Terra, fomos aclamados como heróis. Anos depois, foram estabelecidos diversos canais de comunicação e eles se tornaram parceiros científicos e comerciais da humanidade. Aprendemos a viver em estações espaciais graças a eles. E alguns deles se mudaram para nossas colônias, sem nunca mais voltar ao seu planeta, e sem nenhuma saudade dele.

3 comentários:

  1. Não sou de comentar os contos do meu próprio amigo mas posso dizer como fã Asimoviano e Fã de Ficção científica das mais diversas formas que o Rafael melhor que ninguém é bom nessas coisas, afinal ele é engenheiro mecânico e certos detalhes técnicos combinam bem com ele. Bom está de Parabéns meu amigo e sempre é uma honra trabalhar com você. Mesmo você sendo um VAGABUNDO, LERDO, METIDO A CHATO, ETC..

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  2. Cara, parece que as vezes o universo conspira pra eu não postar. Esse texto está pronto a 4 dias, mas só hoje eu fui ter paciência de revisar ele e tempo pra postar. E enquanto eu revisava, tive que parar duas vezes pra ajudar outras pessoas. Mas saiu. Amém.

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  3. 1º Qual é a do ¹ no 'buraco de verme'?

    2º Legal.. a parte da saudade poderia ser maior, queria saber mais disso ae. Lembra muito os contos de ficção científica dos anos 50

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