terça-feira, 30 de agosto de 2011

Voyeur


                Vi ela caçando pouco a pouco com os olhares sua vitima, eu a vi intimando como quem não quer nada e dominando a cena, ela se deixando levar pela musica e o toque dos milhares de olhares nela, e a vi seduzir pouco a pouco e soltar uma isca, vi o sussurro dela no ouvido da vitima e pude perceber que a cada instante ela enrolava e enrolava mais aquele ser na sua fina teia, e de repente a musica soava mais agitada, ela se aproximava de você, e rolou, ela era dela, toda dela, um pequeno brinquedo em mãos ainda mais delicadas, uma caçadora voraz de pele macia e olhos meigos.
                Senti ciúme no inicio, quando a vi beijando outra garota, muitos homens a minha volta curtiam a cena, eles viam naquele ponto o ápice da noite, quando duas “minas” se “pegavam”, mas eles não entendiam o quanto aquele ato era tão puro, o quanto era admirável o amor e os carinhos expressos em micros segundos, eu não me sentia traído, apesar de tudo ela ainda era minha amada, e sabia que no fundo ela me amava, e que no fundo depois daquela noite eu a olharia com olhos de reprovação ela perguntaria como eu estava e ia ficar tudo bem, palavras que seriam seladas com um beijo, muito mais verdadeiro, porém não tão puro.
                Ela trouxe a menina com ela, eu a conheci, seu nome era Camila, me apresentei sem medo, mas o olhar reprovador dela evitou que eu falasse a palavra namorado, ali eu era o amigo legal, que não estava bebendo para poder olhar para ela, mas aquela menina era diferente, não era uma presa fácil, e nem uma vitima inocente, era algo diferente, algo que nem eu, nem ela estávamos prontos a enfrentar, uma caçadora de caçadores, o jogo se invertera, ela começava a me atacar a tentar me seduzir, e eu implacável olhava para ela, tentando ver se ela tinha percebido algo.
                Ela tinha percebido, neste momento ela me abraçou, começou a inventar mil desculpas dizendo que estava mal, Camila insistiu que eu ficasse, que você se virasse para ir embora afinal não erámos nada além de “amigos”, eu retruquei para ela, não me lembro bem quais foram exatamente as minhas palavras, mas disse para ela que cada amigo meu era mais importante que uma noite feliz, me virei irritado, e realmente a situação toda tinha me estressado, não era um galante, nem um bonitão, um sujeito baixo para o molde dos homens, um e setenta de altura, gordo e com barba mal feita, nada que eu tinha em minha feição poderia tê-la atraído, mas eu a tinha.
                Eu a conheci á alguns anos, quando a conheci ela nem olhava para mim, nem mesmo como amigo, ela gostava de meninas, para ela os meninos tinham sempre intenções impuras, não valia a pena se enganar, quando ela quisesse algo do que eles tinham a oferecer ela ia lá e tomava deles, já eu era diferente, ela viu desde a primeira vez que olhou para mim, sentiu medo e foi se afastando, eu pouco a pouco cheguei me admirei de seu sorriso, de sua pele branca, seu nariz lindo, sua baixa estatura, um misto de perfeição e perigo pelo qual eu iria me enveredar e muito nos próximos meses, descobrimos afetos, coisas em comuns, assuntos para conversar, passávamos horas e horas discutindo como nos livrar dos nossos vícios.
                Nas poucas vezes que sonhei com ela sonhei que a perdia e então notei que a amava, confessei este amor, e ela também confessou esse amor a mim, e ali estávamos tempos depois juntos, ela chorava, eu perguntava o porque, ela dizia ter ciúme, eu dizia não me importar, ela dizia me amar, eu a beijava, ela dizia que não podia viver sem mim, eu dizia que eu sabia, ela me perguntava o porque, eu dizia que se ela não fosse como eu a conheci sempre, ela não seria feliz, ela dizia que eu a fazia feliz, eu a beijava e calava sua boca.
                E nos perdíamos por cerca de duas, três horas, na minha casa ou na casa dela, deixávamos nos ficar louco, e essa noite não foi diferente, ela sentiu o medo de me perder, sentiu aquela garota me caçar, e foi ficando com medo que eu fugisse, eu a amava demais para isso, ela não sabia exatamente o quanto, nem o porquê mais a amava.
                Eu amava o seu cheiro o seu jeito, a amava porque era impossível não amar cada canto do que ela era e havia se tornado, a cada batida que a vida me dava eu tomava cuidado para não me escorar nela, a cada batida que a vida lhe dava eu a segurava nos braços e a levava adiante, se ela chorasse eu riria, se eu risse eu ficaria olhando com cara de bobo esperando que ela parasse para beijá-la, faria de tudo para que na sua vida só existisse a felicidade, independente do preço, aquilo era amor, isto é amor, o que sinto por você, é só amor.

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