domingo, 29 de janeiro de 2012

Para sempre?


            Não era bem um lugar chique ou um lugar onde todos se sentissem bem, mas era nosso lugar, nosso canto, uma praça bem velha com a maior parte dos bancos quebrados, nela tinha um jardinete mal cuidado onde somente as raízes aéreas restavam, um marco indicando o nome do município com a tinta bem gasta e em alguns pontos pichado, lá não era um lugar atraente ou um ponto turístico daquela pequena cidade, nem fazia parte do centro, mas era o nosso lugar, ele não era muito longe do lugar onde a gente se conheceu, talvez umas quatro quadras, mas desta vez nem o significado do lugar, nem o fato deu sempre ter brincado por aqueles cantos me fariam esquecer o que aconteceria ali, sem motivo aparente ou sem motivo que eu conhecesse a gente terminou, e ficamos sem se ver, por tanto tempo, ficamos sem se falar sem se tocar e eu sofri, sofri mais amadureci, enfim passaram-se dois anos.
            Não que eu me julgasse melhor do que as pessoas que faziam isso, não que eu me sentisse uma elite, mas por simples idealismo eu não procurava pessoas de outros tempos, tudo que era do passado eu deixava no passado, e pra mim era estranho esse lance que a internet tinha com as pessoas, todas queriam quase sempre usar a internet para reatar laços perdidos, perdidos muitas vezes por desleixo, palavras fracas, ou ainda por sentimentos vazios, eu preferia seguir minha vida e esquecer até aquilo que foi bom, mas sabe a vida é engraçada e nada seguiu como eu queria.
            Foi um dia, eu mexendo e vendo as fotos de uma amiga, quando vi a foto dela, me segurei, a foto estava marcada, com um simples toque você saberia da minha existência, o seu Orkut lhe avisaria, seu ex-namorado te visitou, e você iria rir, você iria contar para os seus amigos o quanto fui bobo, o quanto foi bom ou ruim nossas conversas, beijos e caricias, o quanto eu havia errado com você, e para eles talvez você contasse o motivo da nossa separação, coisa que nunca fez para mim, te ignorei, não cliquei, passei para a próxima foto, dei seguimento a minha vida, mas sabe o destino é chato, quando ele quer algo ele consegue.
            Eu não a visitei, tinha tomado essa decisão que não iria visita-la mas ela me visitou, e me deixou um recado, algo simples rápido e direto, ela sempre fora assim:
            “Precisamos nos falar me adiciona, ou sei lá me desbloqueia, meu MSN ainda é o mesmo daquele tempo.”
            Eu não queria ainda voltar a falar com ela, fazia tempo que eu tinha mudado daquela cidade e nem sei o porquê ela queria falar comigo, tudo já passara a tanto tempo, tinha acabado, era o bastante para mim, mas não podia deixar de responder ela, em respeito a tudo que tinha acontecido foi sincero:
            “Não lembro seu MSN @.@.”
            Não demorou dois minutos para que ela respondesse e eu a adicionasse, não passaram dois segundos para que ela me aceitasse, mas apesar de tudo ela não me chamava, percebi que ela queria que eu falasse com ela, percebi que eu tinha que puxar assunto e puxei conversamos falamos sobre os velhos tempos e marcamos de nos ver, mas sabe o msn dela ficou ali, mas nunca tive coragem de voltar a falar com ela de vez, não era do tipo sentimentalmente corajoso, não era do tipo que sabia lidar bem com um término de namoro, essa era uma das coisas que nem todo o tempo de maturidade que eu havia tinha tido me ensinara a lidar com aquilo, foi então que por acaso o que tínhamos “planejado” aconteceu, eu estava no tubo, pronto para pegar o ônibus pra faculdade... e daí ela chegou por trás de mim e me assustou, como nos velhos tempos meu coração palpitou e tal qual criança boba eu me assustei o quanto ela havia mudado, aquela figura miúda, aquelas bochechas fofas, agora era uma menina da minha estatura quase, loira, olhos verdes que...
            Bem os olhos verdes dela sempre foram daquele jeito, sempre diferentes, sempre meigos, eu não sabia por que não sabia o que esperar, e não foi diferente daquela vez, não estava sendo diferente, não tinha como ser diferente, ela me abraçou, e de um jeito fofo, aquele mesmo jeito fofo que ela usará para terminar comigo me abraçou e disse:
            - Senti saudade, tive medo sabe?
            Eu sem entender nada como sempre, nunca aprendi a ler os olhos dela respondi sem jeito algum, lembrando aquele velho garoto aquele tímido e sem confiança, que não entendia o porquê dela lhe dar uma chance, e como aquele garoto eu perguntei:
            - Medo do que?
            Ela disse me abraçando mais forte:
            - Que eu nunca mais te visse, eu errei.
            - Não, não errou, o erro foi meu que deixei você ir embora...
            Nos beijamos e eu sem me importar com deixar as coisas no passado ou sem me importar com que tudo desse certo ou quando ia durar, a beijei, nada importava, nada importa quando o destino brinca com a gente tudo que podemos fazer é deixar com que ele nos leve, para mim bastava o destino tinha me levado para perto dela, mesmo com todas minhas lutas contra ele, tinha feito de algo triste algo especial. E tinha feito com que aquela praça fosse apenas mais um capitulo.

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