sábado, 16 de julho de 2011

Seguindo

O clangor metálico nos acordou pela manhã. Nossa primeira sensação foi de surpresa. Tomás havia os visto durante a noite, voltando da sua pescaria nos rochedos, mas nenhum de nós acreditou naqueles relatos.
Quando finalmente os avistamos, já os ouvíamos a mais de uma hora. Alguém, uma das velhas, gritava palavras sem sentido, os acusava e obras demoníacas, orava e chorava. Todos os outros esperavam em silêncio.
Eram muitos. Não sei quantos. Não me preocupei em contar, não achei que fosse importante. Eram iguais, e isso sim tinha relevância. Ignoraram a velha e continuaram a vir em nossa direção.
Ninguém se moveu, ninguém fez um único som. A velha desmaiou no momento em que eles entraram na cidade.
Eles passaram por nós como se fosse a coisa mais comum do mundo. Para eles, deveria ser. Me vi refletido no metal torcido das pernas de um deles. Se é que aquilo podia ser chamado de pernas. Desviaram das casas e não machucaram ninguém. Não olhei para cima, mas os que fizeram disseram que tinham uma luz vermelha onde deveria ser os olhos.
Quando contamos às autoridades, fizeram troça da história. Fomos parar no noticiário como a piada do momento. Não me importei muito. Larguei meu emprego na velha barbearia passei a correr o mundo numa van velha. Fui alcoólatra por muito tempo. Demorou para eu entender o que aquilo significava.
Hoje, eu continuo correndo o mundo, ainda os procurando. Não sou tolo. Não fico me preocupando se eram anjos, demônios, aliens. Besteira.
Eu só quero caminhar com eles.

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Conto curtinho para começar a brincadeira. Depois do Rueles posto de novo. Abraços.

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