sábado, 16 de julho de 2011

Por que eu odeio metrô

Entramos no metrô, era a minha primeira vez com ela, haviamos no conhecido pela internet a certo tempo, conversavamos eu fazia ela sorrir, pelo menos era o que ela dizia, e ela me fazia sorrir e disso eu sabia bem. Era também minha primeira vez naquele monstro metálico conhecido como metrô, eu nascido em cidade do interior e morando a seis meses numa capital que não dispunha de tais regalias modernas não estava acostumado com todo aquele aparato metálico, estar fechado no meio de tantas pessoas num veiculo que corria tão rápido me amendrontava. O pior era não saber o que mais me dava medo, o corpo dela me puxando para ela, com aquele cheiro encantador, ou o embrulho que os movimentos daquele monstro metálico me dava, o dia havia sido maravilhoso, mas eu não havia achado o melhor momento para me declarar, e todo aquele aparato metálico que eu havia escolhido como ultima oportunidade apenas me levava para mais dentro de mim, para um lugar em que eu não deveria estar, ela olhou para meu rosto que estava meio sério e que assustaria qualquer boa alma e disse quase num bocejo, de quem estava muito cansada mas bem humorada como sempre:

         - O que há com você - ela me perguntou, e ainda completou - tem algo de errado, o metrô está fazendo você se sentir mal?

Neste momento eu me perguntei qual era minha maior preocupação sentir que a amava e que aquilo sufocava minha garganta, ou se era realmente aquele monstro de metal me sufocando, era tudo junto, um misto de sentimento onde meu fisico desacostumado a luz artifial e a velocidade daquele objeto se sentia mal. Passou-se a primeira estação, e eu ainda não tinha começado a falar, pelo painel do metrô eu tinha ainda mais cinco estações para me declarar, eu saira da vila mariana e o destino dela era a estação Jabaquara, não me lembro exatamente quais foram as palavras, mais eu meio perdido entre palavras tentei dizer a ela:

         - Já a certo tempo eu venho tentado te dizer algo.

Fui interrompido chegamos a outra estação neste momento, um amigo nosso descia nela, ela começava a se despedir, mudamos de assunto, a angustia me dominou de novo, comecei a pensar no que fazer, minha primeira intenção era sem me importar com quem estava a minha volta pegar na mão dela e coloca-la contra a parede do metro e beijá-la localmente, intenção que logo foi frustada por um banco que vagou a minha frente, pensava agora no que fazer com ela nesta posição sentada, poderia me levantar ficar sobre ela e começar a falar com ela naquela nivel, me declarar de vez, dizer te amo, sem desculpas ou delicadezas, dizer no seco e ver a reação dela, poderia piorar a situação.

Outra estação mais despedidas, mais tempo perdido eu tento dizer algo de novo, mas logo fico sabendo que a amiga dela desce nessa próxima, elas começam a fazer promessas de que irão se encontrar mais vezes, que estavam morando tão próximas uma estação e que nunca se vaim, conversa de mulher, minha idéia é clara, na ultima estação ficariamos só eu e ela e mais um amigo meu com o qual tinha grande intimidade, era agora eu iria falar com ela, explicar a ela todo meu sentimento eu agora começava de novo, mas antes queria observá-la por uma ultima vez.

Ela era linda, não era muito parecida com os padrões de beleza convencionais, mas tinha um jeito diferente, um cheiro diferente, olhos castanhos brilhantes, um cabelo loiro bem tingido, vestia uma camisa com botões e uma saia bem cortada, sua face era a parte mais bela, um misto de uma pele bem clara com um olhar diferente, um nariz bem desenhado, quase perfeito, perfeição que ia além do comum para o que estava acostumado, seu sotaque paulistano me irritava mas era só um detalhe, um pouco mais baixa que eu, um e sessenta e cinco, talvez um sessenta e nove se eu tivesse crescido uns dois centimetros desde a ultima vez que eu me medi, meu complexo de baixa estatura me impede que eu veja com frequência qual minha estatura, por isso esqueço com frequência que altura eu realmente tenho.

A estação dela, ela sai, eu a seguro pelo braço e antes que a porta se fechasse eu grito:

         - Te amo, te amo demais, queria de dizer a muito tempo.

Ela se vira para mim e diz:

         - O quê, não consegui te escutar, depois a gente se fala pelo MSN.

Passei o resto da viagem calado, me culpando, era um caminho longo até a estação de Santo André, descemos juntos eu virei para meu amigo com um olhar que sem nenhuma palavra entendemos, paramos num boteco logo ali a frente onde nos sentamos, ele pediu uma cerveja de uma marca que agora não me lembro, tiro um maço de cigarros e ofereço um a eles, com a garrafa de cerveja na mão e os copos nos sentamos no meio fio, eu grito a todo o mundo a minha volta enquanto acendo o meu cigarro:

         - Odeio metrô, são poucas estações para muitas palavras, muito barulho para pouca mente.

Disse uma tragada, meu amigo suspirou e disse sem pensar muito:

         - Você lembra como voltar - fez uma pausa para uma tragada e continuou - amanhã você fará essa trajetória sozinho.

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