sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Querer


                Estranhamente fui deixando-me enganar, fui engasgando sentimentos de medo e fui deixando as coisas na garganta, carreguei uma carga que não era minha, e hoje já não erro mais como antes, fui aprendendo a me permitir, a me deixar levar, a aprender que entre o amor e a dor a uma distância tão pequena que as pessoas muitas vezes passam a amar sentir dor, num estase entre o masoquismo suicida e o sentimento controverso de carinho eterno, aqui estou eu pensando em você, você invadiu os meus sonhos me atormentando e fazendo com que eu quebrasse várias das muitas promessas feitas a mim mesmo.
                Eu sentei diante de você, e comecei a querer contar coisas que não deveriam ser ditas,   antes de mais nada você me conta suas coisas, sonhara comigo, sonhara estranhamente em como eu sou, em me tocar em sentir minha pele contra a sua pele em pecados que nos são proibidos por tantos motivos, que eu fiz por bem torna-los todos válidos, você disse isso em uma serenidade tão aparente que me deu medo, medo de que você tratasse tudo aquilo como brincadeira, mas pouco a pouco a felicidade de você ter sonhado comigo excluiu todas minhas duvidas e pude finalmente tocar para a frente meu dia, trabalhei e no final  voltamos a nos sentar um diante do outro, um barzinho calmo, uma coisa simples, um lugar onde poderíamos nos sentir sós mesmo sobre a vigilância de muitas outras pessoas.
                Eu contornei os assuntos do dia um por um, e voltamos a discutir o sonho, ela desviou do assunto, eu dei um jeito de inferir meus desejos, ela deu o seu jeito de escapar, e pouco a pouco bebíamos cada vez mais bebíamos, eu segui bem mais além da quantidade que ela havia bebido e poderia me dizer embriagado o bastante para decidir que mesmo caro, era melhor enfrentar um Táxi direto para a casa dela, nos sentamos no sofá, ela colocou a cabeça no meu peito, sentiu que eu estava diferente, eu fiz carinho como sempre, ela olhou para mim e sussurrou de canto de boca:
                - Não, se esqueça, não podemos.
                Já era tarde, eu já havia beijado sua nuca, e nesse momento, e a partir dele, ela era minha, a cada beijo ela se tornava mais minha, e quando ela me beijou eu soube, ela era minha e tínhamos sentimentos um pelo outro, senti seu cheiro deixei que ele invadisse minhas narinas, deixei que ele tocasse levemente meu intimo e ali ficasse guardado para sempre, guardei também para mim a maciez do seu cabelo, o brilho dos seus olhos e o formato da sua boca, que ela não gostava muito, mas que se encaixava perfeitamente em meus lábios.
                Entenda que neste momento eu não queria forçar nada, entenda que naquele momento tudo rolou, o ato que normalmente é tão brutal e tão mecânico talvez levado pela emoção e cumplicidade dos dois executores era neste momento puro, sem pecado, e talvez até mesmo o fato de tudo que eles faziam ali serem erros declarados, a pureza daquele ato libertava-os de toda a acusação possível.
                Toquei sua pele, senti-a contra a minha, beijei sua boca ainda mais forte enquanto mordiscava seu lábio, eu a queria, ela se despiu, neste momento era pele contra pele, corpo contra corpo, duas almas se entregando sem pensar exatamente o porquê, ou como tudo aquilo tinha acontecido, ele era forte mas se entregava a ela de um jeito que não exagerava na força respeitava seu ritmo e aguentava firme, feliz em poder quem sabe entender seu ritmo, bem melhor do que qualquer outro homem entenderia, ele a presenteou ainda com mais carinhos, antes de ir fumar seu clássico cigarro.
                Ela olhava para ele fumando ali na varanda, via o formato de seu corpo de seu rosto, e sabia que tudo era real, ela havia se entregado e ele se perguntava seriamente se ela não se arrependia de tudo, mas o sorriso em seu rosto indicava havia sido bom, havia sido sagrado, algo que ela não sentia a muito tempo, ela se sentia especial, ele a olhava de um jeito diferente, afinal ela era diferente, seus olhos, seu jeito e ainda dava bola para ele, ele se entregou de um jeito que não tem mais volta, ele se deixou levar por ela.

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