domingo, 21 de agosto de 2011

Como esquecer?


            Sinto que você foi me abandonando pouco a pouco, me trocou pela incerteza que o silêncio bom lhe dava, me trocou pelo agrado do teu cheiro quente, foi me deixando pelo medo de amar, foi esquecendo o sabor bom que a minha boca tinha, eu esqueci pouco a pouco de você, por isso estava ali, por estes pensamentos eu bebia, o copo de uísque me encarava e por pouco eu não me afogava tamanha e sedentas eram as goladas que eu dava naquele copo, talvez fosse exatamente este meu instinto me afogar naquele copo, por você.
            Ela se sentou na minha frente, não era uma opção amá-la, não com o mesmo amor que dediquei a você, não com a mesma paixão que deixei seus olhos ter por mim, mas era uma opção dar a ela o que você não merecia ter, me decidi naquela noite seria a ela a quem dedicaria meu amor, e na próxima noite seria outra, e seguiria assim minha vida, não eu não iria me enganar eu ainda te amava, sentia sua falta, a falta do teu cheiro era por você que todas as noites eu chorava soluçando, vergonhoso eu sei, mas homens também choram e sofrem por amor.
            Ela me olhou, sorriu e se aproximou:
            - Você está me assustando, porque não se aproximou não me viu?
            Eu tentei pensar, eu juro que tentei pensar, mas respondi sem nem lembrar que você existia, e respondi com firmeza, firmeza de quem fingia ser um ganhador, mas que no fundo era pouco menos que um perdedor:
            - Desculpe minha cabeça estava longe, eu pensava nela, mas ao te ver já me esqueci.
            Ela me olhou com cara de preocupação, me olhou nos fundos dos olhos e se levantou:
            - Você ainda pensa nela não?
            Eu me assustei ao ver ela levantada, jurei que ela iria embora, como nos filmes, naquele momento, jurei que ela tinha percebido que eu ainda te amava, não queria ser á outra e decidira que iria me deixar afogar minhas magoas num copo, e depois correr atrás de outra.
            Segurei a mão dela, ela me olhou nos olhos e disse:
            - Calma vou só fumar um cigarro, você vem comigo?
            Não respondi só a segui, ao sairmos lá fora ela me ofereceu um cigarro, eu meio relutante acendi, a muito não fumava, não pensava mais em cigarros, nos tempos que eu ainda tinha você e o amor por você, não era preciso cigarros para me deixar calado, seu beijo fazia isso de maneira mais efetiva que o cilindro branco que queima pouco a pouco trazendo um ar de morte e conforto aos meus tímidos pulmões.
            Eu traguei, como a muito não tragava, a olhei, começava a amar, talvez o uísque, mas já não pensava mais em você, ela me beijou, um beijo tímido, mas que acentuava meus sentimentos de luxúria, pedi calma com a mão, olhei meu celular, uma mensagem de um amigo distante, eu expliquei que era alguém muito importante para mim, eu respondi, expliquei a situação, ele me entendeu e não me mandou mais respostas, seus problemas estariam resolvidos se eu aplacasse os meus desejos, erámos assim, um dava apoio ao outro.
            Me senti sozinho, ela me abraçou, foi então que me apaixonei de verdade, terminei o cigarro, e não voltamos, fomos direto para o carro dela, ela me levou até sua casa, eu entrei, e enquanto acendíamos um cigarro na varanda, sinal do que você saberia que iria acontecer nesta noite, você se extinguiu de minha mente para sempre, e para sempre, eu não quis mais te amar, todo sentimento entre nós foi se tornando vago, e tudo que havia acontecido se apegou na eternidade, eu era de novo, eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário