segunda-feira, 2 de abril de 2012

My Best Friend



      Ela dançava lindamente , era o que melhor ele podia ver a distância que se encontrava dela, trocava passos entrando com seus pés dentro do limite de seu par e fazendo com que ele tivesse extrema dificuldade de conduzi-la era mais que uma simples dançarina, era uma combatente, fazia com que qualquer um que com ela dividisse a valsa passasse diante dos ali presentes se sentisse acuado, ela não se entregava, e tornava cada valsa um duelo, tentando talvez descobrir alguém que a vencesse, mas os pares não duravam muito, poucos aguentavam uma ou duas danças.
      Eu de longe sorria, parecia o tipo de coisa que só eu notava, ela dançava bem, todos os pares admiravam isso, mas não sabiam porque, eles não conseguiam com ela dançar nem metade do que com os outros pares, fitei-a e ela finalmente percebeu que eu estava ali, sorriu enquanto parava de dançar, pude ver em sua testa uma tímida gota de suor, a quanto tempo ela estava dançando meia-hora, uma hora?
      - Ei, porque você está com essa cara? Tá com ciume é?
Dizendo isso ela me abraçou, e a sua pergunta não me surpreendeu, era comum que sempre que nos encontrássemos ela a fizesse, puxei-a pelo braço, eu precisava fumar um cigarro, mas também precisava conversar com ela, não gostava que ela me visse fumando, mas de todas as pessoas ali era com ela que gostaria de discutir esse assunto que nos últimos tempos tinham me atormentado, afinal o assunto era mais dela do que meu não?
      Ela com ela, acendi a luz, e olhei no fundo de seus olhos negros, e me perdi, mesmo sem querer simplesmente me perdi, ela me olhou e tocou com sua mão minha barba mal feita, eu acendi o cigarro, e permiti que sua mão pequena afagasse meu cabelo. As coisas haviam começado já fazia algum tempo, ela era minha amiga, mas eu nunca escondi que ela era também minha paixão, eu a vi chorando escondida em um canto, no banheiro da minha casa, era um churrasco de uns amigos, e após eu dizer para ela que iria embora percebi que ela saíra, não tinha mais tempo para pensar precisamos conversar:
       - Raquel, o que aconteceu naquele dia?
      - Nada, ué – disse ela parando de me afagar e já saindo – já foi, eu tava passando mal, sabe como é cólica é foda Yago.
      - Tá bom agora vai mentir pra mim, em um momento eu digo que vou me mudar e no outro momento te encontro chorando.
      - Tá, eu confesso, vou sentir saudade de você, o que você esperava quem mais ia me fazer sorri.
      A silenciei, toquei seu cabelo, joguei fora a bituca para fora do quarto, repeti meu olhar, e pensei quantas coisas poderiam fazê-la chorar, a conhecia durante anos, e nunca a vira daquele jeito, durante uma semana inteira tentara falar com ela, MSN, Celular, Twitter, ela respondia a todos menos a mim o que era aquilo, eu não entendia, era simples que ela fizesse isso, se estivesse brava comigo, mas não estava, ela estava falando comigo ali naquela hora.
      - Yago se nunca vai entender mesmo né – disse ela sorrindo – você é lerdo.
      - Como assim - perguntei – o que eu preciso entender?
      - Você vai embora mesmo?
    - Eu vou, pense em mim, estive aqui durante anos, trabalhei consegui comprar uma casa, consegui construir uma carreira, mas em compensação nunca consegui me estabilizar quanto aos meus sentimentos, eu nunca encontrei alguém para mim daqui, tenho grandes amigos, mas a pessoa que eu amo, nunca vai me enxergar, ela ainda tem medo sabe.
      - Então você nunca vai saber!
      - Como assim?
      - Que meu medo acabou.
      Demorei alguns minutos ainda tentando entender aquilo, fiquei pasmo e sem perceber deixei que ela saísse do quarto, acendi outro cigarro deixando que os pensamentos fluíssem na minha cabeça, e fiquei durante muito tempo tentando entender o que aquelas palavras todas significavam, e então como num passe de mágica eu entendi um pouco daquilo que ela me falava, o que eu não podia entender era o porque ela sorria, desci de volta ao salão.
      A festa era em uma casa de alguns amigos dela, e nesse momento ela dançava exatamente com o dono da festa, um grande amigo de nós dois, no momento em que me viu a deixou, por dois motivos, o primeiro era porque havia perdido o embate com ela, o segundo ela havia lhe segredado algo aos ouvidos. Pedro o nome dele, veio até mim e me disse sem pensar muito:
     - Se não tiver coragem de ficar, pelo menos tenha coragem de dar uma ultima chance, Yago não deixe que tudo passe pelo medo de não acreditar.
      Pensei um pouco, mas fui até ela, e ainda tentando digerir aquilo tudo decidi dançar com ela, e percebi algo estranho, nós nos conhecíamos há muito tempo, mas nunca havíamos dançado, esperava profundamente que ela me forçasse, que ela me exigisse, mas ao invés disso senti algo leve, algo simples, eu que nunca havia sido um exímio dançarino e tinha essa fama entre os amigos, agora dançava em um ritmo completamente dela, mas sem em momento algum deixar-me levar ao erro ou ao cansaço.
        - Está pegando leve comigo?
      Ela riu, olhou para os meus pés e eu olhei para os dela, os movimentos, continuavam os mesmos, agressivos, mas era exatamente minha resposta, que tornava os seus passos leves, continuamos era estranho porque as músicas que tocavam não refletiam de forma alguma aquele momento até que de repente a playslit tocou um Rock, era o momento de parar de dançar, mas continuamos abraçados sem falar nada apenas escutando a balada que tocava com sua letra:

When everything is wrong I'll come talk to you
You make things alright when I'm feeling blue

You are such a blessing and I won't be messing
With the one thing that brings light to all of my darkness

You are my best friend
And I love you, and I love you
Yes I do”
      Eu ri, e ela disse:
     -Francamente, esse Pedro me surpreendeu, – olhou no fundo dos meus olhos e continuou - sabe eu quero que você fique.
      Eu ri, era profundo e franco o que ela me dizia, mas não sabia se seria capaz de realmente ficar por conta dela, não sabia o quanto a amava, mas eu queria ficar, mas não podia ficar, então decidi.

      -Sabe eu quero que você venha comigo.



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